Profissões têm gênero? Veja casos de quem disse “não”

Você emagreceu. Cinco quilos a menos e tudo em cima. Exceto por suas roupas, que agora precisam de ajustes urgentes. Hora de procurar uma costureira. Ou seria um costureiro? A pergunta pode soar inusitada. É que esse é o tipo de profissão que costuma estar mais associado a um gênero. No caso da costura, mulheres ocupam mais de 80% do mercado, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria. Mas há profissionais que quebram a regra desse jogo e provam que a competência vale mais que a diferença em um par de cromossomos. Quer um exemplo? Com vocês, Rodrigo Vieira, 22 anos, manicuro e designer de unhas em gel em Belo Horizonte e no mercado há sete anos. “Gosto do que faço. Minha agenda fica sempre cheia”, orgulha-se.

Rodrigo Vieira, manicuroSimplesmente Retrato

Rodrigo Vieira, manicuro

Fran Dias é dona de uma barbearia na capital. E nem experimente chamá-la de cabeleireira. “É barbeira”, corrige. “É com o público masculino que gosto de trabalhar. Sempre foi assim.” E o “sempre” não é exagero nesse caso. É que seu talento surgiu cedo, aos 10 anos. “Meu tio cortava cabelos e eu gostava de ficar vendo. Até que um dia ganhei uma tesoura e comecei a cortar cabelos dos vizinhos. Ninguém me ensinou. Fazia aquilo intuitivamente”, diz a profissional, de 28 anos, que em seu espaço ainda desenha barbas e sobrancelhas dos rapazes.

Fran Dias, barbeiraSimplesmente Retrato

Fran Dias, barbeira

O projeto Inspiring The Future, realizado entre alunos de uma escola britânica, mostrou que estereótipos de gênero são construídos dos 5 aos 7 anos de idade. Os pequenos foram convidados a desenhar profissionais, como pilotos e bombeiros. Resultado: 61 desenhos representaram homens nessas ocupações e apenas cinco as mulheres. E sem a influência do idioma, já que, em inglês, palavras que definem profissões não têm gênero.

Por aqui a prevalência só de homens ou de mulheres também segue viva em algumas áreas. Que o diga Daniel Ferreira, 34 anos. Costureiro há 14 anos, ele pode fazer suas roupas caberem como uma luva (lembra-se do início do texto?). “Tudo que faço é com amor”, garante o profissional, um dos dois únicos homens nesse ofício de uma confecção em Borda da Mata, sul do Estado. “O ser humano tem que descobrir sua vocação pra ser completo. Descobri a minha.” Sorte dele e de quem valoriza quem é bom no que faz, seja homem ou mulher.

Faço unhas com ele há três anos. É ele quem escolhe as cores do esmalte a cada semana. Tem gente que vem de longe fazer unhas com ele.

Solange Haddad (advogada)

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Ele é um manicuro muito concorrido. Se a gente não marca com antecedência não consegue horário, não. Vim pela primeira vez por acaso. Fiz pés e mãos com ele e acabou: passei a fazer apenas com ele e ainda trouxe uma amiga.

Magali Leal de Melo (Dentista)

Fazia a barba com um homem e senti muita diferença. Ela é mais calma, tranquila e bem caprichosa.

Thiago Nunnes (Músico)

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